quarta-feira, 23 de março de 2011

Só entre nós

Pampelum é uma cidade (na verdade uma cidade-estado, um pequeno país no interior de um grande continente, mas não se incomode quando eu chamar de cidade) muito especial, com muitas peculiaridades. Quando passeamos por Pampelum uma das coisas que costumam chamar atenção é a ausência de imagens e templos religiosos. É isso mesmo, não adianta procurar uma grande catedral na praça central que você não encontrará. Muitos visitantes deixam a cidade com a impressão de que os pampelúmicos não são religiosos. Mas quero contar um segredinho para você.

Na verdade, os pampelúmicos possuem uma vibrante espiritualidade que é imperceptível por muitos que estão acostumados com as expressões convencionais. É comum entre os pampelúmicos haver uma grande apatia diante de discussões religiosas e grande cuidado com a ostentação de ícones que podem dividir ou ferir a consciência do outro, principalmente em espaços públicos. Isso porque Pampelum historicamente vem recebendo muitos refugiados de cruéis guerras religiosas que dividiram famílias, oprimiram minorias e mataram milhões de pessoas. São corações feridos que encontraram remédio nessa cidade. Por isso é comum ouvir o jargão: “Religião não se discute”. Mas isso não quer dizer que ela não seja importante, não seja vivida, entende?

Religião fundada no exclusivismo e medo realmente não tem lugar ali, mas existe algo realmente mais profundo, inclusivo e encantador que vale a pena ser desvendado. Em Pampelum Deus brinca de esconde-esconde. Respondendo a um questionamento sobre sua religião, Einstein disse o seguinte: “Tente penetrar, com nossos limitados meios, nos segredos da natureza, e descobrirá que por trás de todas as leis e conexões discerníveis, permanece algo sutil, intangível e inexplicável. A veneração por essa força além de qualquer coisa que podemos compreender é a minha religião. Nesse sentido eu sou, de fato, religioso”. Será que ele experimentou uma espiritualidade semelhante a dos pampelúmicos? Intuo que sim.

2 comentários:

  1. Você escreveu: "Religião fundada no exclusivismo e medo realmente não tem lugar ali..." Não seria o cristianismo justamente isto no caso da pessoa no "caminho largo"? Jesus afirmou ser o ÚNICO caminho, que é exclusivista ao máximo, né? E Ele fala diretamente ou indiretamente em 167 versículos nos quatro evangelhos sobre o inferno - o destino da grande maioria dos residentes da sua querida Pampelum, se não todos. É para dar medo mesmo, especialmente naqueles que escolheram ignorar as placas de saída para o Caminho estreito em prol do caminho largo que os levou à sua cidade supostamente tão ideal.

    Você está em qual "caminho" agora, Robson?

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  2. Eu acho que um Deus que condena alguem é um grande...enfim...ninguem pediu pra nascer, e ainda tem q se...que merda, ja acreditei em tanta coisa...

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